Nesse ponto ele invoca Deleuze, que escreveu: "Se você está preso no sonho de outro, está perdido". E lembra que aqueles que protestam contra a China "estão certos quando contestam o lema olímpico de Pequim, 'Um mundo, um sonho', propondo, em lugar disso, 'um mundo, muitos sonhos'. Mas eles devem tomar consciência de que estão prendendo os tibetanos em seu próprio sonho, que é apenas um entre muitos outros."
A partir desse momento Zizek mostra seu verdadeiro alvo e passa a discutir as relações entre o capitalismo chinês e a democracia política. Digo isso porque essa idéia de fascínio por alguém ou algo autenticamente espiritual pode ser encaixada em muitas outras situações, começando pelo bispo da paróquia.
Qual é o problema das relações entre o capitalismo chinês e a democracia política? A combinação entre capitalismo e governo comunista teria se mostrado uma benção; com outro tipo de governo a China não estaria chegando aonde está; e nada nos garante, diz Zizek, que a prometida etapa da democracia chegará um dia. Ele conclui perguntando: que tal se a combinação entre o chicote asiático e o mercado acionário europeu se mostrar economicamente eficiente que o nosso capitalismo liberal e assinalar que a democracia, "tal como a conhecemos, não é mais condição e motor do desenvolvimento econômico, e sim um obstáculo a ele?"
Bueno, a democracia, como a conhecemos, deve ser reinventada a cada dia, não?
Como se diz no campo, a longo prazo todos seremos chineses. Mas isso não quer dizer que todos seremos taipas.
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