Dom Guina deu o mote e aqui seguimos: veja a tradução de "Esperando os Bárbaros", de Kostantinos Kaváfis, das Edições Nefelibata, SC., por R. M. Sullis, M. P. V. Jolkesky e A. T. Nicolacópulos.
- O que nós esperamos reunidos no mercado?
Os bárbaros estão para chegar hoje.
- Porque tal inatividade dentro do Senado?
Por que se demoram os senadores e não legislam?
Porque os bárbaros chegarão hoje.
Que leis farão os Senadores agora?
Os bárbaros quando chegaram legislarão.
Por que nosso imperador levantou-se tão cedo,
e senta-se frente ao maior portão da cidade
sobre seu trono, solene, usando sua coroa?
Por que os bárbaros chegarão hoje.
E o imperador espera para receber o seu líder.
Até mesmo preparou um pergaminho para lhe
presentear. Lá escreveu-lhe muitos títulos e nomes.
-Por que nossos dois cônsules e os pretores saíram
hoje com suas togas escarlates, rendadas:
Por que usaram pulseiras com tantas ametistas,
e anéis com esmeraldas brilhantes, reluzentes;
Por que apanharam hoje bastões tão preciosos
gravados primorosamente em prata e ouro?
Porque os bárbaros chegarão hoje;
e tais coisas deslumbram os bárbaros.
- Por que os dignos oradores não vêm como sempre
para fazer seus discursos, dizer suas ladainhas?
Porque os bárbaros chegarão hoje;
e eles se aborrecem com eloqüências e discursos.
- Por que começa de súbito essa inquietação
e a confusão? (Que sérios se tornaram os rostos).
Por que esvaziam rápido as ruas e as praças,
e todos voltam a suas casas muito pensativos?
Porque anoiteceu e os bárbaros não vieram.
E algumas pessoas chegaram das fronteiras,
e disseram que bárbaros não existem mais.
E agora o que será de nós sem bárbaros.
Essas pessoas já eram alguma solução.
[1904]